Este livro, publicado pela Cortez Editora, e organizado pela Professora Dra. Ivani Fazenda traz diversas abordagens sobre a interdisciplinaridade sob a ótica da Educação, Ciência, Arte, Filosofia, Matemática, Sociologia, Psicologia e Teologia. A obra foi gestada no GEPI (Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade, formado por professores, mestrandos, doutorandos e alunos egressos do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da PUC-SP) e no CRIE (Centro de Pesquisa sobre Intervenção Educativa do Canadá).
sábado, 6 de junho de 2009
LEITURAS ESPECIAIS SOBRE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO
A Icone Editora lançou em maio de 2009 o livro Leituras Especiais sobre Ciências e Educação, de Ana Paula Pires Trindade e Diamantino Fernandes Trindade.
O livro dividido em cinco partes aborda:
Autoria da Escrita na Visão Psicopedagógica
Ana Paula Pires Trindade faz uma análise do desenvolvimento da autoria da escrita e o seu papel na construção do sujeito epistêmico tanto no âmbito social quanto no escolar.
Interfaces da Ciência: Mito, Religião, Poder e Educação
Diamantino Fernandes Trindade escreve sobre algumas interfaces que a Ciência estabelece com o mito, a religião, o poder e Educação.
Conquistas Femininas: Avanços e Retrocessos
Ana Paula e Diamantino escrevem sobre as conquistas das mulheres em diversos setores, bem como a importância do dinamismo matriarcal, em contraponto ao dinamismo patriarcal que rege a sociedade atual.
A Didática do Ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos
Elisabete Teresinha Guerato discorre sobre a Didática do Ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos.
Dos Ideogramas Alquímicos ao Alfabeto de Lavoisier: uma análise da influência da linguagem na evolução da Química e das Ciências
Marcelo Marcílio Silva traz preciosa colaboração com o estudo analítico entre os ideogramas alquímicos e a Nomenclatura Química proposta por Lavoisier que, em 1787, defendeu na Academia das Ciências, durante a leitura pública de sua Memória, a necessidade de reformar e aperfeiçoar a nomenclatura química.
Estas leituras especiais trarão, sem sombra de dúvidas, uma nova visão sobre alguns temas discutidos na atualidade nos campos da Educação e da Ciência.
O livro dividido em cinco partes aborda:
Autoria da Escrita na Visão Psicopedagógica
Ana Paula Pires Trindade faz uma análise do desenvolvimento da autoria da escrita e o seu papel na construção do sujeito epistêmico tanto no âmbito social quanto no escolar.
Interfaces da Ciência: Mito, Religião, Poder e Educação
Diamantino Fernandes Trindade escreve sobre algumas interfaces que a Ciência estabelece com o mito, a religião, o poder e Educação.
Conquistas Femininas: Avanços e Retrocessos
Ana Paula e Diamantino escrevem sobre as conquistas das mulheres em diversos setores, bem como a importância do dinamismo matriarcal, em contraponto ao dinamismo patriarcal que rege a sociedade atual.
A Didática do Ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos
Elisabete Teresinha Guerato discorre sobre a Didática do Ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos.
Dos Ideogramas Alquímicos ao Alfabeto de Lavoisier: uma análise da influência da linguagem na evolução da Química e das Ciências
Marcelo Marcílio Silva traz preciosa colaboração com o estudo analítico entre os ideogramas alquímicos e a Nomenclatura Química proposta por Lavoisier que, em 1787, defendeu na Academia das Ciências, durante a leitura pública de sua Memória, a necessidade de reformar e aperfeiçoar a nomenclatura química.
Estas leituras especiais trarão, sem sombra de dúvidas, uma nova visão sobre alguns temas discutidos na atualidade nos campos da Educação e da Ciência.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - SP E O ENSINO DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA
O objetivo deste artigo é mostrar como o IFSP tornou-se o pioneiro no ensino da História da Ciência para o Ensino Médio e como a História da Ciência mostrou-se um importante instrumento pedagógico para modificar a visão de Ciência dos alunos, constituindo-se como condição primordial para a formação holística de professores de ciências compromissados com os novos caminhos da Educação.
Os problemas encontrados no ensino de ciências, com professores e alunos desmotivados, tem sido objeto de estudo das mais diversas linhas de pesquisa em Educação e alvo de freqüentes publicações em muitos países. Muitas são as estratégias defendidas para alterar este quadro e, entre elas, apontada como uma possibilidade para estimular o interesse por esta área do conhecimento, destaca-se a introdução da História da Ciência como um recurso necessário para o aprendizado das diversas ciências.
Isso seria, sem dúvida, um ponto de partida para uma modificação significativa nos conteúdos, especialmente ao levantar discussões sobre diferentes modelos de conhecimento, o que também poderia ajudar a repensar tanto o ensino como a educação científica.
Conforme Trindade (2009):
Visando esse processo, os Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda que pontualmente, assinalam a importância da História da Ciência como fonte para a construção de uma concepção não-neutra da Ciência a partir das séries iniciais do ensino fundamental Todavia, a construção da interface entre a história da ciência e o ensino não se dá com muita facilidade, por dois motivos: há poucos historiadores da ciência e, freqüentemente, os professores universitários não costumam dar importância merecida ao estudo dos históricos que compuseram e estruturaram os conceitos e as teorias de sua disciplina. Assim, o processo de formação fica, maior parte dos casos, limitada aos aspectos teóricos e práticos necessários à prática profissional do cientista, mas não do educador.
Ao desconsiderar os estudos sobre processos de construção das ciências em suas dimensões históricas, sociais e culturais, os professores deixam de se capacitar para elaborar uma crítica adequada ao saber científico, ao seu próprio saber e ao saber que transmitem. Em outras palavras, acabam apenas retransmitindo resultados da pesquisa científica, o que difere do ensino científico. Por outro lado, aqueles que continuam sendo formados sob tal perspectiva, acabam apenas repetindo um conhecimento que se torna descontextualizado, fragmentado e dogmático. Tal postura leva a endossar a idéia de que a ciência é atemporal, desvinculada das necessidades humanas, que progride de modo linear e cumulativo, existindo acima da moral e da ética, e neutra no que diz respeito às suas conseqüências. Além disso, traz consigo a imagem de que a ciência é um repositório de certezas e de verdades, fruto do trabalho de indivíduos abnegados que descobrem as verdades já inscritas na natureza, desvelando-as completamente por meio da observação e de medidas mais rigorosas.
Adotando uma nova visão, que reconheço como interdisciplinar, da área de Ciências da Natureza, percebi que a História da Ciência pode ser uma disciplina aglutinadora. A contextualização sociocultural e histórica da Ciência e tecnologia associa-se às Ciências Humanas e cria importantes interfaces com outras áreas do conhecimento. O caráter interdisciplinar da História da Ciência não aniquila o caráter necessariamente disciplinar do conhecimento científico, mas completa-o, estimulando a percepção entre os fenômenos, fundamental para grande parte das tecnologias e desenvolvimento de uma visão articulada do ser humano em seu meio natural, como construtor e transformador desse meio.
Em 1978, iniciei a minha carreira como professor universitário, lecionando Química Geral nas Faculdades Oswaldo Cruz. O ensino tecnicista estava em vigor; havia um ciclo básico para os alunos de Engenharia Química, Química Industrial, Licenciatura e Bacharelado em Química, Física e Matemática. Eram 17 turmas e o currículo era o mesmo para todas elas. Os alunos dessas turmas, vindos do segundo grau profissionalizante, eram produto da LDB 5.692/71. Ainda nesse ano passei a lecionar Química para os cursos de Licenciatura em Física, Matemática e Biologia na Universidade de Santo Amaro e Química Analítica para o curso de Licenciatura em Química na Universidade de Guarulhos. Senti que precisava, como já fazia no curso colegial, tornar minhas aulas mais interessantes. Procurava, desde aquela época, embora sem nenhuma sustentação teórica, pautar minhas aulas em um enfoque histórico. Percebi então que, ao situar as teorias de Química no contexto em que haviam sido produzidas, despertava maior interesse dos alunos.
Nesse momento, a História da Ciência servia apenas para chamar a atenção dos alunos. Em 1980, conheci o professor Márcio Pugliesi que lecionava a disciplina História e Desenvolvimento do Pensamento Científico, no curso de licenciatura em Química nas Faculdades Oswaldo Cruz, e esse contato ativou ainda mais o meu interesse pela História da Ciência.
As pesquisas sobre História da Ciência levaram-me à construção de um currículo paralelo em que pude perceber que o desenvolvimento histórico da Química, Física e Matemática mostrava que estas ciências não precisavam ser ensinadas de modo tão fragmentado, tradicional e cansativo. O fruto desses primeiros anos de pesquisa foi a publicação, em 1983, do livro Química Básica Teórica, em parceria com Márcio Pugliesi, obra na qual a articulação dos capítulos foi feita em função da visão histórica do desenvolvimento da Química.
A História da Ciência começou a se delinear como um espaço para a crítica do conhecimento científico, por meio da interdisciplinaridade, a partir da década de 1960. Constitui-se em um espaço estratégico do ponto de vista educacional, pois procura enfatizar a ética científica, respeitando a humanidade e a sua história e, desta forma, resgatar o homem no seu sentido superior. Alguns autores, como Alfonso-Goldfarb e Andery abordam esta questão. Durante os anos de 1990, houve um crescente interesse, na área educacional, pela História da Ciência e diversos trabalhos, como os de Chassot e Vanin , foram escritos sobre a sua importância na formação dos alunos do Ensino Médio. Entretanto, freqüentemente o seu conhecimento é construído enfocando alguns episódios descontextualizados nas disciplinas das chamadas Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, quando tópicos de História da Ciência são introduzidos apenas como ilustração, configurando o que se convencionou chamar de “perfumaria”, uma espécie de pausa para respirar entre dois conteúdos e que realmente, estes sim, devem merecer a importância do professor e do aluno! Esta não é, seguramente, a História da Ciência que desejamos que faça parte da formação dos alunos de Ensino Médio do nosso país.
Apesar de ser fundamental que os professores dessas disciplinas introduzam, no cotidiano das suas salas de aula, tópicos de História da Ciência, freqüentemente são limitados a um caráter apenas ilustrativo, episódico, factual e cronológico. Por isso a existência de um espaço curricular próprio e específico para os conteúdos de História da Ciência possibilita que estes possam ser abordados e articulados de forma muito mais orgânica no processo ensino-aprendizagem-avaliação.
Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do Ensino Médio, ela se preocupa em assinalar para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a integração dos conhecimentos, num processo permanente de interdisciplinaridade. Essa proposta de organicidade está contida no Artigo 36:
... destacará a Educação tecnológica básica, a compreensão do significado de ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania.
As diretrizes propostas nortearam a implantação do Ensino Médio no IFSP. Para os terceiros anos, estavam previstos blocos de disciplinas optativas, um dos quais foi chamado de Energia e Vida e ficou sob a responsabilidade da área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. A disciplina História da Ciência foi escolhida como unidade de caráter curricular integrador. Enquadrou-se no Projeto Pedagógico da escola em seus três pontos basilares: História da Ciência como eixo temático, a interdisciplinaridade como método e também princípio filosófico-pedagógico norteador e a pedagogia crítico-social dos conteúdos como embasamento de caráter teórico.
Um antigo sonho ganhava vida. Finalmente, começava-se a perceber a importância desse estudo na formação do jovem. Seu eixo gerador – a compreensão dos conceitos científicos ao longo da história, vinculada ao desenvolvimento tecnológico e econômico da sociedade – procuraria relacionar os conteúdos estudados nas diversas disciplinas das Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias com os “conteúdos” necessários para a vida e talvez passar a compartilhar com os estudantes um conhecimento capaz de despertar o desejo, o amor pelo saber.
Em 2000 comecei a lecionar, junto com o Professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, essa disciplina. As dificuldades foram se revelando em função da inexistência de referenciais teóricos para a ação pedagógica. A idéia era inédita no Brasil, no que se refere ao Ensino Médio. O grande desafio tornou-se sair da posição de ensinar, para aprender junto com os alunos. A pesquisa compartilhada trouxe consigo uma visão mais abrangente dos processos de ensino-aprendizagem-avaliação das Ciências da Natureza e de suas regiões de fronteira, onde convivem também a História da Ciência, a Filosofia, a História e a própria Ciência cuja história se pretende estudar. Trindade diz que:
Regiões de fronteira são regiões interdisciplinares, regiões de encontros e transformações que se concretizam no comprometimento do professor com seu trabalho e se alimentam pelas experiências e vivências rituais de sua arte, anunciando possibilidades de vencer os limites impostos pelo conhecimento fragmentado, transformando-o em espaços criativos.
Diz ainda que:
O mundo é do tamanho do conhecimento que temos dele, portanto, de nós mesmos. Ao ampliar esse conhecimento, estendemos e estabelecemos nossas fronteiras, o mundo cresce, o sabor da busca se intensifica, o que confere à ação pedagógica um poder mágico: o de ir do presente ao passado, o de passear por lugares nunca vistos, o de alcançar e ultrapassar fronteiras transitando entre elas.
Nesse projeto de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio no IFSP, os alunos acompanharam o desenvolvimento científico da humanidade desde os primórdios da civilização até os dias de hoje. Nessa grandiosa aventura da História, nos seus vários momentos, estudaram como os seres humanos se relacionam, em todos os tempos, com o conhecimento.
Com o passar do tempo esse projeto foi também desenvolvido pelo professor Ricardo Plaza nos primeiros anos do Ensino Médio.
Trabalhar com os alunos do Ensino Médio do IFSP nessa disciplina foi uma experiência bem-sucedida, um desafio vencido. Ficou claro que é possível trabalhar de forma interdisciplinar e contextualizada e que a História da Ciência é um dos instrumentos que possibilitam essa tarefa pedagógica. Tal experiência durou até 2007.
E o ensino da História da Ciência no Ensino Superior?
Desde a década de 1950, a História da Ciência está presente, como disciplina optativa, em vários cursos da Universidade de São Paulo, e na Unicamp, a partir da década de 1970. Com as novas Diretrizes Curriculares, alguns cursos de Formação de Professores em ciências passaram a incluir esta disciplina, como obrigatória, nas séries iniciais.
Que motivos levam uma Instituição de Ensino Superior a implantar a disciplina História da Ciência no currículo dos cursos de Licenciatura em ciências?
Para tentar responder esta questão, é importante fazer um breve histórico acerca da implantação e do desenvolvimento dessa disciplina em alguns cursos de ciências.
Desde a sua fundação, em 1934, sempre houve algum interesse pela História da Ciência na Universidade de São Paulo. Alguns cientistas estrangeiros convidados para constituírem os primeiros grupos de pesquisa na universidade cultivavam a História da Ciência, considerando-a importante tanto como fonte de inspiração para a pesquisa quanto instrumento pedagógico para o ensino universitário.
Não é de se estranhar então que vários pesquisadores brasileiros, formados por esses mestres estrangeiros, mostrassem sensibilidade por essa disciplina. Outros ainda a procuravam como um dos instrumentos para suprir as faltas e as deficiências de um ambiente universitário com pouca tradição de pesquisa. A USP não surgiu pelo amadurecimento de condições favoráveis à Ciência ou à tecnologia, mas da vontade política de determinados segmentos da elite paulistana.
Nas primeiras décadas após a fundação da USP, o Brasil continuou tendo principalmente uma economia agrário-exportadora, apesar da política de industrialização por substituição de importações. Assim, a falta de um amadurecimento técnico ou industrial não fornecia o substrato adequado para a criatividade científica ou para a inovação tecnológica. Desse modo, as referências vinham do estrangeiro. Em parte, isso podia ser suprido pela História da Ciência que, em tese, possuía condições para promover a compreensão do significado social da Ciência. Não foi por acaso que a primeira geração de cientistas da USP mostrou grande interesse pela História da Ciência.
Na década de 1950, tivemos alguma pesquisa na área de História da Ciência estimulada pelo sociólogo Fernando de Azevedo que concebeu o livro As ciências no Brasil, onde cada capítulo era dedicado ao desenvolvimento histórico das disciplinas científicas existentes no país. Vários profissionais de renome participaram desse trabalho, como Abraão de Morais, Viktor Leinz, Mário Guimarães Ferri, Heinrich Rheinboldt, entre outros.
Apesar desse interesse, cursos regulares de História da Ciência praticamente inexistiram nos primeiros anos da USP. Essa situação começou a mudar na década de 1960, quando teve início a expansão do ensino universitário no Brasil. Nessa época, o departamento de Física da USP criou a disciplina História das Ciências Físicas, sendo o primeiro curso regular a funcionar em todo o Brasil. O físico Plínio Sussekind da Rocha foi contratado especialmente para ministrar essa disciplina.
Na década de 1970, formou-se na USP o Núcleo de História da Ciência coordenado por Shozo Motoyama e que contava com Juinichi Osada, Maria Amélia Dantes, Carlos Henrique Liberalli, Simão Mathias e Geraldo Florshein. De acordo com as diretrizes da Reforma Universitária, implantada em todo Brasil, o Departamento de História ficou encarregado de ministrar as aulas de História da Ciência para toda Universidade. Ainda na década de 1970, foi criado o Instituto de Física Gleb Wathagin na Unicamp, que teve na figura de Roberto Andrade Martins um grande incentivador do ensino da História e Filosofia da Ciência.
No âmbito da pós-graduação, merece destaque o Centro Simão Mathias (CESIMA), ligado ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência, da PUC-SP, que congrega graduandos, pós-graduandos e pesquisadores de diferentes áreas e instituições, tendo em vista a realização de estudos de interface centrados em História da Ciência. Desde sua criação, em 1994, vem organizando seminários, cursos de curta duração e outros importantes eventos. O CESIMA é considerado uma referência mundial no estudo e pesquisa de História da Ciência.
A disciplina História da Ciência foi e, em alguns casos, ainda é uma disciplina optativa nos cursos de ciências. Os cursos de Formação de Professores começaram a ganhar identidade própria há poucos anos, pois sempre foram vistos como meros apêndices dos bacharelados. Assim, sempre que a disciplina História da Ciência era oferecida, constituía-se em mais uma “perfumaria” para os alunos conseguirem créditos fáceis. O motivo desta depreciação é a maneira pela qual foi, e às vezes ainda é ensinada.
Muitas vezes a História da Ciência é concebida como uma coleção de curiosidades científicas e, outras tantas tal qual uma coleção de anedotas como um determinado grego (Arquimedes) correndo nu pelas ruas gritando “eureca”; um inglês (Newton) sonhando em um jardim enquanto as maçãs caíam sobre sua cabeça; Einstein gostava de usar roupas velhas e mostrar a língua; a mãe de Kepler era uma feiticeira. Quando não cai sobre tais extremos, a História da Ciência é ensinada como um mero relato sem relação com o que realmente ocorreu com o que motivava os cientistas e o que movia a sociedade a sustentá-los, relatos muitas vezes adaptados para que se compreenda com facilidade em vez de contar a real articulação de idéias e contradições, de frustrações e triunfos pelos quais passaram os cientistas. Este enfoque sobre o ensino da História da Ciência vem mudando gradativamente.
No IFSP a História da Ciência foi implantada pelo professor Ricardo Plaza no curso de Licenciatura em Física que lecionou a disciplina Ciência, História e Cultura até o final de 2005. A partir de então assumi esta disciplina. Quando se analisa a atual legislação brasileira para a formação de professores na área de ensino de Física, percebemos uma situação de falta de consenso ou de disputa pragmática sobre o ideal de profissionalização docente. De um lado, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Física (Parecer CNE 1304/2001) apontam para a licenciatura como orientação final de curso de graduação de Física, caracterizando um físico-educador ou um bacharel que pode lecionar. Em tais Diretrizes, a identidade do professor de Física é consolidada no âmbito da graduação que ele obtém na área de conhecimento específico mais do que na licenciatura.
No plano de ensino para o espaço curricular Ciência, História e Cultura procuramos evidenciar que o entendimento da natureza histórica, social e cultural do conhecimento científico é, ao mesmo tempo, um objetivo e um dos maiores desafios da educação para a Ciência. Assim, esse espaço curricular aborda não apenas elementos da historiografia da Ciência, mas problematiza o seu papel no ensino e na divulgação científica. São estudados materiais didáticos, produção acadêmica e projetos de ensino que incorporam e propõem o ensino da Física articulado à dimensão cultural da Ciência e as relações múltiplas entre a implicação e a determinação social do conhecimento científico e seus produtos tecnológicos. São propostas atividades de estudo visando à incorporação da pesquisa em ensino das ciências à prática de sala de aula.
Com o tempo fomos percebendo que os professores em formação compreenderam que realmente existem possibilidades para deslocar a visão hermética e tradicional de ensinar ciências, presente nos manuais didáticos, para uma visão ampla e crítica na qual ela não aparece como algo pronto e acabado. Mais importante do que isso é a percepção de que a História da Ciência não deve ir para a sala de aula como complemento ou curiosidade e, sim, fazendo parte do contexto desse novo olhar do ensino-aprendizagem de ciências.
A partir de 2008 passei a lecionar a disciplina História e Filosofia da Ciência para os cursos de Licenciatura em Química e Licenciatura em Biologia do IFSP seguindo as mesmas diretrizes do curso de Licenciatura em Física.
As experiências bem sucedidas do ensino da História da Ciência transpuseram as fronteiras do IFSP e passaram a ser divulgadas de diversas maneiras. A primeira delas foi o curso História da Ciência: um instrumento interdisciplinar que ministrei em 2002 no SINPRO-SP e na UNICID em 2004. Em 2004 e 2005 ministrei a disciplina História da Ciência para os cursos de Licenciatura em Matemática, Física e Química do Instituto Superior de Educação Oswaldo Cruz.
Diversos artigos foram publicados em revistas:
Reflexões sobre uma experiência de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Sinergia.
A História e a Fotografia a Serviço do Estado: D. Pedro II e a afirmação da Nação (Diamantino Fernandes Trindade, Lais dos Santos Pinto Trindade e Luiz Felipe S. P. Garcia) na Revista Sinergia.
Os pioneiros da Ciência Brasileira: Bartholomeu de Gusmão, José Bonifácio, Landell de Moura e D. Pedro II (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
História da Ciência no Ensino Médio: uma pesquisa interdisciplinar (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista CEAP de Educação.
As faces ocultas da Ciência segundo Pierre Thuillier em seu livro de Arquimedes a Einstein (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Fernando Barbosa Ferreira) na Revista Sinergia.
Uma análise do filme “O Nome da Rosa” sob a ótica da História da Ciência (Ricardo Plaza Teixeira) na Revista Transfazer – Estudos Interdisciplinares.
Análise das conclusões do livro A origem das espécies de Charles Darwin (Ricardo Plaza Teixeira) na Revista Científica da FAMEC.
Breve análise da obra “Os Sonâmbulos” e de sua importância para a História da Ciência (Ricardo Plaza Teixeira e Fernando Barbosa Ferreira) na Revista Sinergia.
O valor da Ciência de Poincaré, cem anos depois de sua publicação (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Alessandra Cristiane Matias) na Revista Sinergia.
Reflexões sobre a disciplina-projeto Ciência, História e Cultura – proposta para turmas do Ensino Médio do IFSP (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Fausto Henrique Gomes Nogueira) na Revista Sinergia.
Os caminhos da ciência brasileira: da Colônia até Santos Dumont (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pintos Trindade) na Revista Sinergia.
Os caminhos da ciência brasileira: os sanitaristas (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pintos Trindade) na Revista Sinergia.
Alberto Santos Dumont pelos céus de Paris (Diamantino Fernandes Trindade) no Jornal Nova Era Maçônica.
Química e Alquimia (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
As telecomunicações no Brasil: de D. Pedro II até o Regime Militar (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
A interface ciência e educação e o papel da História da Ciência para a compreensão do significado dos saberes escolares (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Iberoamericana de Educación.
A Ciência criando interfaces com o mito e a religião (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Sinergia.
A interface Ciência e Educação (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Planeta Educação).
Alguns livros também foram publicados abordando a experiência do ensino da História da Ciência no IFSP:
A História da História da Ciência (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) publicado pela Madras Editora. Neste livro é feita uma abordagem da construção histórica da Ciência desde a Grécia até o século XX.
O ponto de mutação no ensino das ciências (Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Madras Editora. Esta obra aborda a experiência do ensino da História da Ciência no Ensino Médio do IFSP.
Temas Especiais de Educação e Ciências (Diamantino Fernandes Trindade, Lais dos Santos Pinto Trindade, Ricardo Plaza Teixeira e Wania Tedeschi) publicado pela Madras Editora. Este livro contempla alguns capítulos dedicados à História da Ciência.
Os Caminhos da Ciência e os Caminhos da Educação: Ciência, História e Educação na Sala de Aula (Lais dos Santos Pinto Trindade e Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Madras Editora. A primeira parte desta obra aborda a História da Ciência no Brasil. Ricardo Plaza Teixeira contribuiu com um artigo.
Leituras Especiais de Ciências e Educação (Ana Paula Pires Trindade e Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Ícone Editora. Um dos capítulos deste livro aborda a interface da Ciência com a Educação por meio da História da Ciência.
Vários trabalhos foram apresentados em congressos, simpósios e seminários abordando ensino da História da Ciência:
Os botões de Napoleão: a História da Química e a Educação Científica (Diamantino Fernandes Trindade, Ricardo Plaza Teixeira e Wilmes Teixeira) apresentado na Jornada de História da Ciência e Ensino na PUC-SP.
História da Ciência: uma possibilidade interdisciplinar para o ensino de ciências no Ensino Médio (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário A Melhoria da Qualidade do Ensino Médio Público, no Instituto Unibanco. Este trabalho foi um dos três vencedores do Prêmio Instituto Unibanco 2007, categoria Formação de Professores.
História da Ciência: uma possibilidade para aprender ciências (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado III Congresso Internacional Sobre Projetos em Educação.
Diferentes estratégias para a História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no II Congresso Luso-Brasileiro de História da Ciência e da Técnica.
A História da Física Moderna e o uso de novas tecnologias no ensino da Física (Ricardo Plaza Teixeira e Marcelo Marcilio Silva) apresentado na Jornada de História da Ciência e Ensino na PUC-SP.
História da Ciência no Ensino Médio: uma pesquisa interisciplinar (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário Internacional de Educação – Teorias e Políticas na Universidade Nove de Julho.
Reflexões sobre uma experiência de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no XIV Simpósio Nacional de Ensino de Física.
História da Ciência: um ponto de mutação no Ensino Médio (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação da Região Sudeste – ANPED.
A contribuição da História da Ciência no Ensino Médio para a formação de um leitor crítico (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no XIII Congresso de Leitura do Brasil.
A História da Matemática inserida em um projeto tendo como eixos temáticos Ciência, História e Cultura (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no VII Encontro Nacional de Educação Matemática.
Os pioneiros das telecomunicações no Brasil: de D. Pedro II até a televisão em cores (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no II Congresso Universitário de Telecomunicações na Universidade Cidade de São Paulo.
História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira e Diamantino Fernandes Trindade) apresentado na V Mostra de material de Divulgação Científica e Ensino de Ciências na Estação Ciência.
José Bonifácio de Andrada e Silva e a memória sobre os diamantes do Brasil (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário Centenário Simão Mathias: Documentos, métodos e identidade da História da Ciência na PUC-SP.
Toda esta experiência possibilitou o desenvolvimento das minhas pesquisas de mestrado e doutorado:
História da Ciência: um ponto de mutação no Ensino Médio – a formação interdisciplinar de um professor, dissertação de mestrado orientada da Professora Dra. Sylvia Helena da Silva Batista, Universidade Cidade de São Paulo, 2002.
O olhar deHórus: uma perspectiva interdisciplinar do ensino na disciplina História da Ciência, tese de doutorado orientada pela Professora Dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007. O professor Ricardo Plaza Teixeira foi um dos componentes da banca examinadora.
O IFSP foi o pioneiro no ensino da História da Ciência para o Ensino Médio. A História da Ciência mostrou-se um importante instrumento pedagógico para modificar a visão de Ciência dos alunos e constitui-se como condição primordial para a formação holística de professores de ciências compromissados com novos caminhos da Educação. Os desafios estão sempre presentes para aqueles professores que optam por esses caminhos, pela ruptura com o velho paradigma. Vivenciar os novos paradigmas da Ciência e da Educação significa um constante desconstruir e construir para não fragmentar novamente o todo, para não romper a teia do conhecimento e da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TRINDADE, Diamantino Fernandes. O Ponto de Mutação no Ensino das Ciências. São Paulo: Madras, 2005.
________. O olhar de Hórus: uma perspectiva interdisciplinar do ensino na disciplina História da Ciência. Tese de Doutorado. São Paulo: PUC-SP, 2007.
TRINDADE, Lais dos Santos Pinto. A alquimia dos processos ensino-aprendizagem em Química: um itinerário interdisciplinar e transformação das matrizes pedagógicas. Dissertação de Mestrado. São Paulo: UNICID, 2004.
________. História da Ciência na construção do conceito de ciências. Mimeo, 2009.
Os problemas encontrados no ensino de ciências, com professores e alunos desmotivados, tem sido objeto de estudo das mais diversas linhas de pesquisa em Educação e alvo de freqüentes publicações em muitos países. Muitas são as estratégias defendidas para alterar este quadro e, entre elas, apontada como uma possibilidade para estimular o interesse por esta área do conhecimento, destaca-se a introdução da História da Ciência como um recurso necessário para o aprendizado das diversas ciências.
Isso seria, sem dúvida, um ponto de partida para uma modificação significativa nos conteúdos, especialmente ao levantar discussões sobre diferentes modelos de conhecimento, o que também poderia ajudar a repensar tanto o ensino como a educação científica.
Conforme Trindade (2009):
Visando esse processo, os Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda que pontualmente, assinalam a importância da História da Ciência como fonte para a construção de uma concepção não-neutra da Ciência a partir das séries iniciais do ensino fundamental Todavia, a construção da interface entre a história da ciência e o ensino não se dá com muita facilidade, por dois motivos: há poucos historiadores da ciência e, freqüentemente, os professores universitários não costumam dar importância merecida ao estudo dos históricos que compuseram e estruturaram os conceitos e as teorias de sua disciplina. Assim, o processo de formação fica, maior parte dos casos, limitada aos aspectos teóricos e práticos necessários à prática profissional do cientista, mas não do educador.
Ao desconsiderar os estudos sobre processos de construção das ciências em suas dimensões históricas, sociais e culturais, os professores deixam de se capacitar para elaborar uma crítica adequada ao saber científico, ao seu próprio saber e ao saber que transmitem. Em outras palavras, acabam apenas retransmitindo resultados da pesquisa científica, o que difere do ensino científico. Por outro lado, aqueles que continuam sendo formados sob tal perspectiva, acabam apenas repetindo um conhecimento que se torna descontextualizado, fragmentado e dogmático. Tal postura leva a endossar a idéia de que a ciência é atemporal, desvinculada das necessidades humanas, que progride de modo linear e cumulativo, existindo acima da moral e da ética, e neutra no que diz respeito às suas conseqüências. Além disso, traz consigo a imagem de que a ciência é um repositório de certezas e de verdades, fruto do trabalho de indivíduos abnegados que descobrem as verdades já inscritas na natureza, desvelando-as completamente por meio da observação e de medidas mais rigorosas.
Adotando uma nova visão, que reconheço como interdisciplinar, da área de Ciências da Natureza, percebi que a História da Ciência pode ser uma disciplina aglutinadora. A contextualização sociocultural e histórica da Ciência e tecnologia associa-se às Ciências Humanas e cria importantes interfaces com outras áreas do conhecimento. O caráter interdisciplinar da História da Ciência não aniquila o caráter necessariamente disciplinar do conhecimento científico, mas completa-o, estimulando a percepção entre os fenômenos, fundamental para grande parte das tecnologias e desenvolvimento de uma visão articulada do ser humano em seu meio natural, como construtor e transformador desse meio.
Em 1978, iniciei a minha carreira como professor universitário, lecionando Química Geral nas Faculdades Oswaldo Cruz. O ensino tecnicista estava em vigor; havia um ciclo básico para os alunos de Engenharia Química, Química Industrial, Licenciatura e Bacharelado em Química, Física e Matemática. Eram 17 turmas e o currículo era o mesmo para todas elas. Os alunos dessas turmas, vindos do segundo grau profissionalizante, eram produto da LDB 5.692/71. Ainda nesse ano passei a lecionar Química para os cursos de Licenciatura em Física, Matemática e Biologia na Universidade de Santo Amaro e Química Analítica para o curso de Licenciatura em Química na Universidade de Guarulhos. Senti que precisava, como já fazia no curso colegial, tornar minhas aulas mais interessantes. Procurava, desde aquela época, embora sem nenhuma sustentação teórica, pautar minhas aulas em um enfoque histórico. Percebi então que, ao situar as teorias de Química no contexto em que haviam sido produzidas, despertava maior interesse dos alunos.
Nesse momento, a História da Ciência servia apenas para chamar a atenção dos alunos. Em 1980, conheci o professor Márcio Pugliesi que lecionava a disciplina História e Desenvolvimento do Pensamento Científico, no curso de licenciatura em Química nas Faculdades Oswaldo Cruz, e esse contato ativou ainda mais o meu interesse pela História da Ciência.
As pesquisas sobre História da Ciência levaram-me à construção de um currículo paralelo em que pude perceber que o desenvolvimento histórico da Química, Física e Matemática mostrava que estas ciências não precisavam ser ensinadas de modo tão fragmentado, tradicional e cansativo. O fruto desses primeiros anos de pesquisa foi a publicação, em 1983, do livro Química Básica Teórica, em parceria com Márcio Pugliesi, obra na qual a articulação dos capítulos foi feita em função da visão histórica do desenvolvimento da Química.
A História da Ciência começou a se delinear como um espaço para a crítica do conhecimento científico, por meio da interdisciplinaridade, a partir da década de 1960. Constitui-se em um espaço estratégico do ponto de vista educacional, pois procura enfatizar a ética científica, respeitando a humanidade e a sua história e, desta forma, resgatar o homem no seu sentido superior. Alguns autores, como Alfonso-Goldfarb e Andery abordam esta questão. Durante os anos de 1990, houve um crescente interesse, na área educacional, pela História da Ciência e diversos trabalhos, como os de Chassot e Vanin , foram escritos sobre a sua importância na formação dos alunos do Ensino Médio. Entretanto, freqüentemente o seu conhecimento é construído enfocando alguns episódios descontextualizados nas disciplinas das chamadas Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, quando tópicos de História da Ciência são introduzidos apenas como ilustração, configurando o que se convencionou chamar de “perfumaria”, uma espécie de pausa para respirar entre dois conteúdos e que realmente, estes sim, devem merecer a importância do professor e do aluno! Esta não é, seguramente, a História da Ciência que desejamos que faça parte da formação dos alunos de Ensino Médio do nosso país.
Apesar de ser fundamental que os professores dessas disciplinas introduzam, no cotidiano das suas salas de aula, tópicos de História da Ciência, freqüentemente são limitados a um caráter apenas ilustrativo, episódico, factual e cronológico. Por isso a existência de um espaço curricular próprio e específico para os conteúdos de História da Ciência possibilita que estes possam ser abordados e articulados de forma muito mais orgânica no processo ensino-aprendizagem-avaliação.
Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do Ensino Médio, ela se preocupa em assinalar para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a integração dos conhecimentos, num processo permanente de interdisciplinaridade. Essa proposta de organicidade está contida no Artigo 36:
... destacará a Educação tecnológica básica, a compreensão do significado de ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania.
As diretrizes propostas nortearam a implantação do Ensino Médio no IFSP. Para os terceiros anos, estavam previstos blocos de disciplinas optativas, um dos quais foi chamado de Energia e Vida e ficou sob a responsabilidade da área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. A disciplina História da Ciência foi escolhida como unidade de caráter curricular integrador. Enquadrou-se no Projeto Pedagógico da escola em seus três pontos basilares: História da Ciência como eixo temático, a interdisciplinaridade como método e também princípio filosófico-pedagógico norteador e a pedagogia crítico-social dos conteúdos como embasamento de caráter teórico.
Um antigo sonho ganhava vida. Finalmente, começava-se a perceber a importância desse estudo na formação do jovem. Seu eixo gerador – a compreensão dos conceitos científicos ao longo da história, vinculada ao desenvolvimento tecnológico e econômico da sociedade – procuraria relacionar os conteúdos estudados nas diversas disciplinas das Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias com os “conteúdos” necessários para a vida e talvez passar a compartilhar com os estudantes um conhecimento capaz de despertar o desejo, o amor pelo saber.
Em 2000 comecei a lecionar, junto com o Professor Ricardo Roberto Plaza Teixeira, essa disciplina. As dificuldades foram se revelando em função da inexistência de referenciais teóricos para a ação pedagógica. A idéia era inédita no Brasil, no que se refere ao Ensino Médio. O grande desafio tornou-se sair da posição de ensinar, para aprender junto com os alunos. A pesquisa compartilhada trouxe consigo uma visão mais abrangente dos processos de ensino-aprendizagem-avaliação das Ciências da Natureza e de suas regiões de fronteira, onde convivem também a História da Ciência, a Filosofia, a História e a própria Ciência cuja história se pretende estudar. Trindade diz que:
Regiões de fronteira são regiões interdisciplinares, regiões de encontros e transformações que se concretizam no comprometimento do professor com seu trabalho e se alimentam pelas experiências e vivências rituais de sua arte, anunciando possibilidades de vencer os limites impostos pelo conhecimento fragmentado, transformando-o em espaços criativos.
Diz ainda que:
O mundo é do tamanho do conhecimento que temos dele, portanto, de nós mesmos. Ao ampliar esse conhecimento, estendemos e estabelecemos nossas fronteiras, o mundo cresce, o sabor da busca se intensifica, o que confere à ação pedagógica um poder mágico: o de ir do presente ao passado, o de passear por lugares nunca vistos, o de alcançar e ultrapassar fronteiras transitando entre elas.
Nesse projeto de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio no IFSP, os alunos acompanharam o desenvolvimento científico da humanidade desde os primórdios da civilização até os dias de hoje. Nessa grandiosa aventura da História, nos seus vários momentos, estudaram como os seres humanos se relacionam, em todos os tempos, com o conhecimento.
Com o passar do tempo esse projeto foi também desenvolvido pelo professor Ricardo Plaza nos primeiros anos do Ensino Médio.
Trabalhar com os alunos do Ensino Médio do IFSP nessa disciplina foi uma experiência bem-sucedida, um desafio vencido. Ficou claro que é possível trabalhar de forma interdisciplinar e contextualizada e que a História da Ciência é um dos instrumentos que possibilitam essa tarefa pedagógica. Tal experiência durou até 2007.
E o ensino da História da Ciência no Ensino Superior?
Desde a década de 1950, a História da Ciência está presente, como disciplina optativa, em vários cursos da Universidade de São Paulo, e na Unicamp, a partir da década de 1970. Com as novas Diretrizes Curriculares, alguns cursos de Formação de Professores em ciências passaram a incluir esta disciplina, como obrigatória, nas séries iniciais.
Que motivos levam uma Instituição de Ensino Superior a implantar a disciplina História da Ciência no currículo dos cursos de Licenciatura em ciências?
Para tentar responder esta questão, é importante fazer um breve histórico acerca da implantação e do desenvolvimento dessa disciplina em alguns cursos de ciências.
Desde a sua fundação, em 1934, sempre houve algum interesse pela História da Ciência na Universidade de São Paulo. Alguns cientistas estrangeiros convidados para constituírem os primeiros grupos de pesquisa na universidade cultivavam a História da Ciência, considerando-a importante tanto como fonte de inspiração para a pesquisa quanto instrumento pedagógico para o ensino universitário.
Não é de se estranhar então que vários pesquisadores brasileiros, formados por esses mestres estrangeiros, mostrassem sensibilidade por essa disciplina. Outros ainda a procuravam como um dos instrumentos para suprir as faltas e as deficiências de um ambiente universitário com pouca tradição de pesquisa. A USP não surgiu pelo amadurecimento de condições favoráveis à Ciência ou à tecnologia, mas da vontade política de determinados segmentos da elite paulistana.
Nas primeiras décadas após a fundação da USP, o Brasil continuou tendo principalmente uma economia agrário-exportadora, apesar da política de industrialização por substituição de importações. Assim, a falta de um amadurecimento técnico ou industrial não fornecia o substrato adequado para a criatividade científica ou para a inovação tecnológica. Desse modo, as referências vinham do estrangeiro. Em parte, isso podia ser suprido pela História da Ciência que, em tese, possuía condições para promover a compreensão do significado social da Ciência. Não foi por acaso que a primeira geração de cientistas da USP mostrou grande interesse pela História da Ciência.
Na década de 1950, tivemos alguma pesquisa na área de História da Ciência estimulada pelo sociólogo Fernando de Azevedo que concebeu o livro As ciências no Brasil, onde cada capítulo era dedicado ao desenvolvimento histórico das disciplinas científicas existentes no país. Vários profissionais de renome participaram desse trabalho, como Abraão de Morais, Viktor Leinz, Mário Guimarães Ferri, Heinrich Rheinboldt, entre outros.
Apesar desse interesse, cursos regulares de História da Ciência praticamente inexistiram nos primeiros anos da USP. Essa situação começou a mudar na década de 1960, quando teve início a expansão do ensino universitário no Brasil. Nessa época, o departamento de Física da USP criou a disciplina História das Ciências Físicas, sendo o primeiro curso regular a funcionar em todo o Brasil. O físico Plínio Sussekind da Rocha foi contratado especialmente para ministrar essa disciplina.
Na década de 1970, formou-se na USP o Núcleo de História da Ciência coordenado por Shozo Motoyama e que contava com Juinichi Osada, Maria Amélia Dantes, Carlos Henrique Liberalli, Simão Mathias e Geraldo Florshein. De acordo com as diretrizes da Reforma Universitária, implantada em todo Brasil, o Departamento de História ficou encarregado de ministrar as aulas de História da Ciência para toda Universidade. Ainda na década de 1970, foi criado o Instituto de Física Gleb Wathagin na Unicamp, que teve na figura de Roberto Andrade Martins um grande incentivador do ensino da História e Filosofia da Ciência.
No âmbito da pós-graduação, merece destaque o Centro Simão Mathias (CESIMA), ligado ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência, da PUC-SP, que congrega graduandos, pós-graduandos e pesquisadores de diferentes áreas e instituições, tendo em vista a realização de estudos de interface centrados em História da Ciência. Desde sua criação, em 1994, vem organizando seminários, cursos de curta duração e outros importantes eventos. O CESIMA é considerado uma referência mundial no estudo e pesquisa de História da Ciência.
A disciplina História da Ciência foi e, em alguns casos, ainda é uma disciplina optativa nos cursos de ciências. Os cursos de Formação de Professores começaram a ganhar identidade própria há poucos anos, pois sempre foram vistos como meros apêndices dos bacharelados. Assim, sempre que a disciplina História da Ciência era oferecida, constituía-se em mais uma “perfumaria” para os alunos conseguirem créditos fáceis. O motivo desta depreciação é a maneira pela qual foi, e às vezes ainda é ensinada.
Muitas vezes a História da Ciência é concebida como uma coleção de curiosidades científicas e, outras tantas tal qual uma coleção de anedotas como um determinado grego (Arquimedes) correndo nu pelas ruas gritando “eureca”; um inglês (Newton) sonhando em um jardim enquanto as maçãs caíam sobre sua cabeça; Einstein gostava de usar roupas velhas e mostrar a língua; a mãe de Kepler era uma feiticeira. Quando não cai sobre tais extremos, a História da Ciência é ensinada como um mero relato sem relação com o que realmente ocorreu com o que motivava os cientistas e o que movia a sociedade a sustentá-los, relatos muitas vezes adaptados para que se compreenda com facilidade em vez de contar a real articulação de idéias e contradições, de frustrações e triunfos pelos quais passaram os cientistas. Este enfoque sobre o ensino da História da Ciência vem mudando gradativamente.
No IFSP a História da Ciência foi implantada pelo professor Ricardo Plaza no curso de Licenciatura em Física que lecionou a disciplina Ciência, História e Cultura até o final de 2005. A partir de então assumi esta disciplina. Quando se analisa a atual legislação brasileira para a formação de professores na área de ensino de Física, percebemos uma situação de falta de consenso ou de disputa pragmática sobre o ideal de profissionalização docente. De um lado, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Física (Parecer CNE 1304/2001) apontam para a licenciatura como orientação final de curso de graduação de Física, caracterizando um físico-educador ou um bacharel que pode lecionar. Em tais Diretrizes, a identidade do professor de Física é consolidada no âmbito da graduação que ele obtém na área de conhecimento específico mais do que na licenciatura.
No plano de ensino para o espaço curricular Ciência, História e Cultura procuramos evidenciar que o entendimento da natureza histórica, social e cultural do conhecimento científico é, ao mesmo tempo, um objetivo e um dos maiores desafios da educação para a Ciência. Assim, esse espaço curricular aborda não apenas elementos da historiografia da Ciência, mas problematiza o seu papel no ensino e na divulgação científica. São estudados materiais didáticos, produção acadêmica e projetos de ensino que incorporam e propõem o ensino da Física articulado à dimensão cultural da Ciência e as relações múltiplas entre a implicação e a determinação social do conhecimento científico e seus produtos tecnológicos. São propostas atividades de estudo visando à incorporação da pesquisa em ensino das ciências à prática de sala de aula.
Com o tempo fomos percebendo que os professores em formação compreenderam que realmente existem possibilidades para deslocar a visão hermética e tradicional de ensinar ciências, presente nos manuais didáticos, para uma visão ampla e crítica na qual ela não aparece como algo pronto e acabado. Mais importante do que isso é a percepção de que a História da Ciência não deve ir para a sala de aula como complemento ou curiosidade e, sim, fazendo parte do contexto desse novo olhar do ensino-aprendizagem de ciências.
A partir de 2008 passei a lecionar a disciplina História e Filosofia da Ciência para os cursos de Licenciatura em Química e Licenciatura em Biologia do IFSP seguindo as mesmas diretrizes do curso de Licenciatura em Física.
As experiências bem sucedidas do ensino da História da Ciência transpuseram as fronteiras do IFSP e passaram a ser divulgadas de diversas maneiras. A primeira delas foi o curso História da Ciência: um instrumento interdisciplinar que ministrei em 2002 no SINPRO-SP e na UNICID em 2004. Em 2004 e 2005 ministrei a disciplina História da Ciência para os cursos de Licenciatura em Matemática, Física e Química do Instituto Superior de Educação Oswaldo Cruz.
Diversos artigos foram publicados em revistas:
Reflexões sobre uma experiência de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Sinergia.
A História e a Fotografia a Serviço do Estado: D. Pedro II e a afirmação da Nação (Diamantino Fernandes Trindade, Lais dos Santos Pinto Trindade e Luiz Felipe S. P. Garcia) na Revista Sinergia.
Os pioneiros da Ciência Brasileira: Bartholomeu de Gusmão, José Bonifácio, Landell de Moura e D. Pedro II (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
História da Ciência no Ensino Médio: uma pesquisa interdisciplinar (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista CEAP de Educação.
As faces ocultas da Ciência segundo Pierre Thuillier em seu livro de Arquimedes a Einstein (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Fernando Barbosa Ferreira) na Revista Sinergia.
Uma análise do filme “O Nome da Rosa” sob a ótica da História da Ciência (Ricardo Plaza Teixeira) na Revista Transfazer – Estudos Interdisciplinares.
Análise das conclusões do livro A origem das espécies de Charles Darwin (Ricardo Plaza Teixeira) na Revista Científica da FAMEC.
Breve análise da obra “Os Sonâmbulos” e de sua importância para a História da Ciência (Ricardo Plaza Teixeira e Fernando Barbosa Ferreira) na Revista Sinergia.
O valor da Ciência de Poincaré, cem anos depois de sua publicação (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Alessandra Cristiane Matias) na Revista Sinergia.
Reflexões sobre a disciplina-projeto Ciência, História e Cultura – proposta para turmas do Ensino Médio do IFSP (Ricardo Roberto Plaza Teixeira e Fausto Henrique Gomes Nogueira) na Revista Sinergia.
Os caminhos da ciência brasileira: da Colônia até Santos Dumont (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pintos Trindade) na Revista Sinergia.
Os caminhos da ciência brasileira: os sanitaristas (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pintos Trindade) na Revista Sinergia.
Alberto Santos Dumont pelos céus de Paris (Diamantino Fernandes Trindade) no Jornal Nova Era Maçônica.
Química e Alquimia (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
As telecomunicações no Brasil: de D. Pedro II até o Regime Militar (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) na Revista Sinergia.
A interface ciência e educação e o papel da História da Ciência para a compreensão do significado dos saberes escolares (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Iberoamericana de Educación.
A Ciência criando interfaces com o mito e a religião (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Sinergia.
A interface Ciência e Educação (Diamantino Fernandes Trindade) na Revista Planeta Educação).
Alguns livros também foram publicados abordando a experiência do ensino da História da Ciência no IFSP:
A História da História da Ciência (Diamantino Fernandes Trindade e Lais dos Santos Pinto Trindade) publicado pela Madras Editora. Neste livro é feita uma abordagem da construção histórica da Ciência desde a Grécia até o século XX.
O ponto de mutação no ensino das ciências (Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Madras Editora. Esta obra aborda a experiência do ensino da História da Ciência no Ensino Médio do IFSP.
Temas Especiais de Educação e Ciências (Diamantino Fernandes Trindade, Lais dos Santos Pinto Trindade, Ricardo Plaza Teixeira e Wania Tedeschi) publicado pela Madras Editora. Este livro contempla alguns capítulos dedicados à História da Ciência.
Os Caminhos da Ciência e os Caminhos da Educação: Ciência, História e Educação na Sala de Aula (Lais dos Santos Pinto Trindade e Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Madras Editora. A primeira parte desta obra aborda a História da Ciência no Brasil. Ricardo Plaza Teixeira contribuiu com um artigo.
Leituras Especiais de Ciências e Educação (Ana Paula Pires Trindade e Diamantino Fernandes Trindade) publicado pela Ícone Editora. Um dos capítulos deste livro aborda a interface da Ciência com a Educação por meio da História da Ciência.
Vários trabalhos foram apresentados em congressos, simpósios e seminários abordando ensino da História da Ciência:
Os botões de Napoleão: a História da Química e a Educação Científica (Diamantino Fernandes Trindade, Ricardo Plaza Teixeira e Wilmes Teixeira) apresentado na Jornada de História da Ciência e Ensino na PUC-SP.
História da Ciência: uma possibilidade interdisciplinar para o ensino de ciências no Ensino Médio (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário A Melhoria da Qualidade do Ensino Médio Público, no Instituto Unibanco. Este trabalho foi um dos três vencedores do Prêmio Instituto Unibanco 2007, categoria Formação de Professores.
História da Ciência: uma possibilidade para aprender ciências (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado III Congresso Internacional Sobre Projetos em Educação.
Diferentes estratégias para a História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no II Congresso Luso-Brasileiro de História da Ciência e da Técnica.
A História da Física Moderna e o uso de novas tecnologias no ensino da Física (Ricardo Plaza Teixeira e Marcelo Marcilio Silva) apresentado na Jornada de História da Ciência e Ensino na PUC-SP.
História da Ciência no Ensino Médio: uma pesquisa interisciplinar (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário Internacional de Educação – Teorias e Políticas na Universidade Nove de Julho.
Reflexões sobre uma experiência de inclusão da disciplina História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no XIV Simpósio Nacional de Ensino de Física.
História da Ciência: um ponto de mutação no Ensino Médio (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação da Região Sudeste – ANPED.
A contribuição da História da Ciência no Ensino Médio para a formação de um leitor crítico (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no XIII Congresso de Leitura do Brasil.
A História da Matemática inserida em um projeto tendo como eixos temáticos Ciência, História e Cultura (Ricardo Plaza Teixeira) apresentado no VII Encontro Nacional de Educação Matemática.
Os pioneiros das telecomunicações no Brasil: de D. Pedro II até a televisão em cores (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no II Congresso Universitário de Telecomunicações na Universidade Cidade de São Paulo.
História da Ciência no Ensino Médio (Ricardo Plaza Teixeira e Diamantino Fernandes Trindade) apresentado na V Mostra de material de Divulgação Científica e Ensino de Ciências na Estação Ciência.
José Bonifácio de Andrada e Silva e a memória sobre os diamantes do Brasil (Diamantino Fernandes Trindade) apresentado no Seminário Centenário Simão Mathias: Documentos, métodos e identidade da História da Ciência na PUC-SP.
Toda esta experiência possibilitou o desenvolvimento das minhas pesquisas de mestrado e doutorado:
História da Ciência: um ponto de mutação no Ensino Médio – a formação interdisciplinar de um professor, dissertação de mestrado orientada da Professora Dra. Sylvia Helena da Silva Batista, Universidade Cidade de São Paulo, 2002.
O olhar deHórus: uma perspectiva interdisciplinar do ensino na disciplina História da Ciência, tese de doutorado orientada pela Professora Dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007. O professor Ricardo Plaza Teixeira foi um dos componentes da banca examinadora.
O IFSP foi o pioneiro no ensino da História da Ciência para o Ensino Médio. A História da Ciência mostrou-se um importante instrumento pedagógico para modificar a visão de Ciência dos alunos e constitui-se como condição primordial para a formação holística de professores de ciências compromissados com novos caminhos da Educação. Os desafios estão sempre presentes para aqueles professores que optam por esses caminhos, pela ruptura com o velho paradigma. Vivenciar os novos paradigmas da Ciência e da Educação significa um constante desconstruir e construir para não fragmentar novamente o todo, para não romper a teia do conhecimento e da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TRINDADE, Diamantino Fernandes. O Ponto de Mutação no Ensino das Ciências. São Paulo: Madras, 2005.
________. O olhar de Hórus: uma perspectiva interdisciplinar do ensino na disciplina História da Ciência. Tese de Doutorado. São Paulo: PUC-SP, 2007.
TRINDADE, Lais dos Santos Pinto. A alquimia dos processos ensino-aprendizagem em Química: um itinerário interdisciplinar e transformação das matrizes pedagógicas. Dissertação de Mestrado. São Paulo: UNICID, 2004.
________. História da Ciência na construção do conceito de ciências. Mimeo, 2009.
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